Bichos e Parangolés
em Usabilidade
Uma vez, eu vi pessoalmente um parangolé. Foi em uma das últimas edições da Bienal de Arte de São Paulo, onde estavam homenageando Helio Oiticica. Achei o máximo! Nunca pensei que fosse ver um andando por aí.
Na mesma Bienal, tive a oportunidade de mexer num bicho de Ligia Clark. Foi uma experiência assustadora. Fiquei a uns dois metros dos bichos aguardando minha vez, observando as pessoas que interagiam com eles. Mil coisas tolas passavam pela minha cabeça, como "as dobradiças são tão frágeis", "aquele parte já está meio empenada", "será que eles fazem cópias dos bichos como fazem cópias de gravuras?". Como resultado, quando pude pegar num bicho, nem o tirei do display. Mexi uma pata e fui embora.
Para mim naquele momento foi difícil romper esta barreira que separa nós, os admiradores da arte, e a arte propriamente dita. é fascinante que estes dois nos idos de 1960 compreendessem tão bem os admiradores de arte e suas inseguranças. Estes dois são uma referência essencial para tudo que veio depois, como as instalações e a arte virtual.
Mas também é uma referência para nós. Será que nenhum de nossos usuários já se sentiu inibido em interagir com nossos projetos on line? Na Web, me sinto bem mais livre para interagir, porque aquele meu velho medo de "quebrar o bicho" não existe [desde que tenhamos back-up]. Mesmo assim, reviso trinta vezes um formulário antes de enviá-lo.
Por outro lado, penso que o sistema de dobradiças e folhas de alumínio de Ligia Clark fosse mais complexo e imponente, outras pessoas teriam desistido também de mexer nele. Do mesmo modo que tem muita gente que não vestiria um parangolé por nada. Será que a estética do objeto é um fator de inibição do usuário? Será que um site muito feio não faz com que alguns usuários desistam dele? Ou um que seja esteticamente rico demais não afasta um outro tipo de usuário?
O site das Americanas.com pode ser um caso de raro sucesso na Web. Mas eu simplesmente não consigo entrar lá. Acho tudo uma confusão visual e acabo nunca permanecendo no site além da terceira página. Do mesmo modo que sempre questiono aqueles comerciais de qualidade duvidosa de supermercados. Nos dois casos, funciona muito bem com público-alvo deles.
publicado em 19/03/2003, às 10:50 | comentários: 3 | comente!
Comentários
- karina diz:
- esse é o parangoles????
- enviado em 16/09/2005, às 11:55
- Brunete diz:
- Não esse é um dos bichos
- enviado em 12/10/2005, às 00:58
- patricia aureliano diz:
- adorei a forma com q a sua obra e mostrada quebra com o conceito de q arte nao foi feita para todos.ela é simplismente maravilhosa!!!!!!!!
- enviado em 27/03/2006, às 17:26